domingo, 24 de janeiro de 2016

Plutão e a New Horizons

PLUTÃO
da página da BBC-BRASIL
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese

Sonda da Nasa se aproxima de Plutão após 9 anos de voo
Jonathan Amos / Correspondente de Ciência da BBC News
25 janeiro 2015

Representação da sonda New Horizons,
que se aproxima de Plutão e fará fotos inéditas do planeta anão

Uma sonda da Nasa começará a fotografar Plutão após viajar 5 bilhões de quilômetros em nove anos para chegar ao planeta anão.

A missão está sendo anunciada como o último grande encontro na exploração planetária e será uma das primeiras oportunidades de estudar o planeta anão de perto. Como a sonda ainda está a 200 milhões de quilômetros de distância, Plutão dificilmente será perceptível nas imagens - apenas um pontinho de luz contra as estrelas.

Mas as imagens são fundamentais para um posicionamento mais perto da sonda New Horizons, da Nasa, que fará um sobrevoo em 14 de julho, e a equipe da missão diz que essa visão é necessária para ajudar a alinhar a nave espacial corretamente para o seu sobrevoo.

Uma complicação é que os sete diferentes instrumentos a bordo da nave precisam trabalhar em diferentes distâncias para obter seus dados. Para tanto, a equipe construiu um elaborado programa de observação.

Isto significa que todo o tempo terá que ser bem preciso para garantir que o sobrevoo ocorra sem problemas. A abordagem mais próxima de Plutão será realizada em 14 de julho, a uma distância de cerca de 13.695 km da superfície.

Os planejadores de missão querem que os horários exatos sejam executados com ma tolerância de 100 segundos. A New Horizons saberá, então, para onde e quando apontar os instrumentos.


Diversos ângulos de Plutão capturados pelo telescópio Hubble

Para aqueles que cresceram com a ideia de que havia "nove planetas", este é o momento em que o conjunto ficará completo. Sondas já estiveram em todos os outros, até mesmo nos distantes Urano e Netuno. Plutão é o último entre os "clássicos nove" a receber uma visita.

Apesar de Plutão, uma rocha de 2,3 mil km coberta de gelo, ter sido rebaixado em 2006 para a condição de "planeta anão", cientistas dizem que o entusiasmo continua o mesmo.

Os anões são a classe planetária mais numerosa do Sistema Solar, e a sonda New Horizons é uma das primeiras oportunidades de estudar um deles de perto. O primeiro conjunto de imagens de navegação não deverá ser nada especial. Mas ,em maio, a sonda estará enviando imagens melhores do que qualquer outra tomada pelo Hubble.

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Missão da Nasa envia imagens inéditas de
Plutão com uma de suas luas
5 fevereiro 2015

Previsão é de que missão New Horizons chegue a Plutão em julho

A sonda robótica New Horizons, da Nasa, enviou as primeiras imagens de Plutão e sua lua gigante, Charon. São as primeiras fotos enviadas desde que a missão da Nasa começou sua contagem regressiva para chegar perto do planeta anão em julho.

Plutão e seu satélite aparecem como manchas brancas nas fotos, que foram tiradas de uma distância de 200 milhões de quilômetros. Mas em maio, a missão New Horizons deverá enviar fotos melhores do planeta anão – que está a 5 bilhões de quilômetros da Terra.

Por enquanto, não há muitas descobertas ou conclusões científicas que possam ser feitas com essas fotos iniciais. A principal utilidade das imagens é garantir que a sonda esteja alinhada corretamente para o encontro histórico marcado para pouco mais de cinco meses, quando a sonda chegará perto de Plutão.

Os controladores da missão agora conduzirão uma série de pesquisas óticas de navegação. Eles querem garantir que a New Horizons não esteja indo, por engano, na direção de algum detrito próximo ao sistema de Plutão – especialmente, quando a sonda viaja a 13 km/s.

Plutão e a lua são apenas as manchas brancas
registradas pela sonda a 200 milhões de km do planeta anão

Fotos
A Nasa divulgou as fotos de Plutão justamente no 109º aniversário de Clyde Tombaugh, que descobriu o distante mundo gelado em 1930. O astrônomo americano morreu em 1997, mas sua filha, Annette Tombaugh, comentou: "Meu pai ficaria encantado com a New Horizons". "Ver de verdade o planeta que ele descobriu e descobrir mais sobre ele, ver as luas de Plutão….ele ficaria realmente muito surpreso." "Tenho certeza que teria significado muito para ele se estivesse vivo hoje."

Acredita-se que Plutão tenha cinco luas. Nas novas imagens divulgadas pela Nasa, apenas Charon, uma das maiores, aparece em um décicmo de segundo de exposição. Exposições mais longas captadas ao longo do tempo devem revelar outros satélites de Plutão.

A imagem dessa página foi tirada por um dos principais telescópios da missão New Horizons, o New Horizons' Long-Range Reconnaussance Imager (LORRI). Em uma aproximação maior a Plutão, que deverá ocorrer em 14 de julho, segundo as previsões, ele será capaz de captar detalhes da superfície do planeta de menos de 100 m por pixel.

Plutão é o último dos "nove planetas clássicos" visitados por uma nave espacial. Em 2006, ele foi reclassificado como "planeta anão" pela União Astronômica Internacional. Esses "pequenos mundos" são a classe mais numerosa de planetas no sistema solar.

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Foto inédita mostra ‘coração’ na superfície de Plutão
Jonathan Amos / Correspondente de Ciência da BBC News
9 julho 2015

A imagem de 7 de julho sobrepõe registros de duas câmeras da New Horizons

Após viajar nove anos e quase cinco bilhões de quilômetros, a sonda espacial New Horizons começou nesta semana a aproximação final a Plutão, revelando as melhores imagens já feitas de um dos planetas mais distantes do Sistema Solar.

A Nasa (agência espacial norte-americana) divulgou nesta quarta-feira o registro feito no dia anterior pela New Horizons, quando a sonda estava a "apenas" oito milhões de quilômetros de Plutão. Nesta quinta, a sonda chegaria a seis milhões de quilômetros, rumo ao ponto de maior aproximação (12,5 mil km), passagem histórica prevista para 14 de julho.

Essa última imagem foi o primeiro registro enviado após a sonda entrar inesperadamente em modo de segurança, no último dia 4, e perder o contato com a Terra. O "rosto" de Plutão visto na imagem é, em grande parte, o que será examinado de perto na próxima semana. Inclui uma ampla área escura próxima à linha do Equador de Plutão, conhecida informalmente por cientistas como "a baleia", e uma área clara em formato de coração com cerca de 2.000 km.

Planeta estranho
Na aproximação final, a sonda New Horizons ficará a apenas 12,5 mil km da superfície de Plutão. Sua câmera de alta resolução Lorri (Long Range Recconnaissance Imager) deverá então captar imagens de resolução até 500 vezes superior aos últimos registros.

A câmera Lorri é responsável pela imagem mostrada nesta página, mas as informações sobre cores foram fornecidas pela outra câmera da sonda, a Ralph. "As imagens ainda estão um pouco borradas, mas são, de longe, as melhores que já vimos de Plutão, e vão só melhorar", afirmou John Spencer, do instituto de pesquisa SxRI (Southwest Research Institute), de Colorado, um dos parceiros da Nasa na empreitada.

"Nesse momento as imagens revelam apenas que Plutão é um planeta realmente esquisito. Ele tem algumas áreas muito escuras, outras extremamente claras, e não sabemos nada sobre o que são ainda", afirmou Spencer ao programa Newshour, da BBC.

Spencer e seus colegas acreditam que a área mais clara pode estar coberta por monóxido de carbono congelado e que a mancha escurecida possa ser um depósito de hidrocarbonetos, queimados na atmosfera de Plutão por raios cósmicos e radiação ultravioleta.

Mas por ora tudo não passa de palpite. "Teremos registros 500 vezes melhores na próxima terça, quando teremos nossa passagem mais próxima", disse Spencer. Na aproximação final, a New Horizons estará viajando a quase 14km por segundo – muito rápido para entrar em órbita. A sonda fará um voo automático de reconhecimento, coletando o máximo de imagens e dados ao passar pelo planeta de 2.300 km de diâmetro e suas cinco luas conhecidas: Charon, Styx, Nix, Kerberos e Hydra.

O sistema de Plutão tem cinco luas conhecidas

A missão ocorre durante o 50º aniversário da primeira passagem bem sucedida de uma sonda norte-americana por Marte, feita pela Mariner 4. A New Horizons irá coletar 5.000 vezes mais informações do que a Mariner conseguiu quando passou pelo planeta vermelho.

Um dos grandes desafios da missão a Plutão é enviar toda a informação de volta até a Terra. A distância é enorme, o que torna o ritmo de envio dos dados muito lento. Serão ao menos 16 meses para encaminhar todos os dados científicos a serem reunidos nos próximos dias.

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Plutão é maior do que se pensava, revela sonda da Nasa
Jonathan Amos / Correspondente de Ciência da BBC News
13 julho 2015

Sonda já ajudou a responder uma das perguntas
mais básicas sobre o planeta anão: seu tamanho.

Plutão acaba de se revelar um pouco maior do que se pensava, com um diâmetro de 2.370 km – quase a distância entre São Paulo (SP) e Maceió (AL). Em aproximação final ao planeta anão, a sonda New Horizons, da Nasa (a agência espacial norte-americana), fez a medição.

O resultado confirma o status de Plutão como o maior objeto já detectado na região periférica do Sistema Solar conhecida como Cinturão de Kuiper. Viajando há nove anos, a sonda não-tripulada deverá enviar um verdadeiro tesouro de imagens e informações inéditas sobre Plutão – a aproximação maior será nesta terça-feira. É provável que os dados coletados possam refinar as informações sobre as dimensões do planeta anão.

Consequências
A nova medição traz uma série de implicações. A primeira é revelar que Plutão é menos denso do que se imaginava, com um volume de gelo possivelmente maior em seu interior.

O dado também altera a estimativa de propriedades da sua atmosfera, já que o objeto contido por ela é agora considerado maior. A troposfera, camada mais baixa da atmosfera, também pode ser mais fina. Mas talvez a principal consequência seja a novidade para os fãs de Plutão, porque finalmente resolve o debate sobre qual planeta anão é maior: Plutão ou Éris.

A lua Charon (à esq.) tem 1.206 km de diâmetro,
e Plutão aparece bem avermelhado nas imagens da sonda.

A descoberta de Éris, em 2005, e a comparação dos diâmetros foram responsáveis, em parte, pelo "rebaixamento" de Plutão à categoria de planeta anão, em 2006. No entanto, a nova informação indica que Plutão é maior, ainda que só por 30 quilômetros de diâmetro.

Um dos motivos para a incerteza sobre a dimensão de Plutão sempre havia sido a presença de atmosfera. Como a camada gasosa que envolve Éris é menor, havia mais segurança sobre o tamanho do objeto, enquanto o diâmetro de Plutão sempre foi alvo de suposições.

"Antes da (sonda) New Horizons, calculávamos um raio de 1.150 km a 1.200 km (para Plutão). E o que descobrimos é que Plutão está quase no topo desse intervalo", afirmou Alan Stern, hefe dos pesquisadores do projeto.

Reta final
A sonda irá passar a apenas 12,5 mil km da superfície de Plutão às 8h50 (horário de Brasília) desta terça-feira. A espaçonave ficará sem contato com a Terra quando isso ocorrer. Tudo o que os controladores da missão poderão fazer será esperar um sinal da sonda confirmando o "encontro" e a coleta de informações. Essa mensagem deverá ser enviada às 21h53 de terça.
A New Horizons continuará a enviar dados durante a aproximação. Imagens selecionadas estão sendo processadas para divulgação pública, e cada novo registro mostra o planeta com maior nitidez.

Os últimos registros incluem imagens da maior lua de Plutão, Charon. Essas novas imagens mostram abismos e crateras de forma clara, bem como o misterioso polo escuro dessa lua. Cientistas afirmam que essa foi uma das principais surpresas reveladas pela New Horizons até agora, ao lado dos contrastes entre Plutão e sua maior lua.

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5 coisas surpreendentes sobre missão da Nasa a Plutão
BBC Mundo
14 julho 2015

Visita histórica da sonda promete revelar detalhes
do último dos planetas 'clássicos' ainda não explorados

Após uma espera de nove anos e meio, uma das missões mais ambiciosas da exploração espacial deve cumprir seu objetivo. Essa manhã, às 11h49 GMT (7h49 no horário de Brasília), a sonda New Horizons, da Nasa, se tornará a primeira a visitar Plutão.

A expectativa é a de que essa viagem ao planeta anão possa oferecer uma visão mais completa de uma região completamente inexplorada do nosso Sistema Solar. Na véspera, uma medição feita pela sonda não-tripulada revelou que Plutão é um pouco maior do que se pensava, com um diâmetro de 2.370 km – quase a distância entre São Paulo (SP) e Maceió (AL).

Veja outras cinco informações que fazem dessa uma missão espacial sem precedentes.

1. Por que vale a pena viajar a Plutão?
Para começar, esse é o último dos nove planetas "clássicos" a ser visitado por uma missão espacial. Ainda que, em 2006, Plutão tenha sido rebaixado de planeta para a categoria inferior de planeta anão, esse enigmático habitante dos confins gélidos do Sistema Solar tem muito a dizer.

Sonda já ajudou a responder uma das perguntas 
mais básicas sobre o planeta anão, seu tamanho

Se espera que Plutão, que orbita a uma distância ao cerca de 5,9 bilhões de quilômetros do Sol, ofereça uma visão mais completa de uma região completamente inexplorada do nosso sistema.
Ela é tão distante que nem mesmo o telescópio Hubble conseguiu obter detalhes desse corpo celeste descoberto em 1930.

2. O que essa missão espera descobrir?
Em seu ponto mais próximo, a New Horizons estará a cerca de 12.500 quilômetros da superfície de plutão. Suas fotos revelarão se há elevações e depressões profundas em sua superfície ou se sua topografia é mais ondulada.

A sonda detectou sinais de uma capa polar. Plutão é tão frio que o nitrogênio que respiramos na Terra existe ali em forma de gelo, mas é possível que uma tênue atmosfera de nitrogênio envolva o planeta. Se isso se comprovar, a sonda resgatará uma amostra e medirá o quanto o planeta anão está liberando ao espaço.

A expedição também poderá revelar a presença de outras substâncias químicas: ainda que o neon seja um gás na Terra, pode se encontrar de forma líquida em Plutão, quem sabe até mesmo fluindo em rios sobre a superfície.


Na atmosfera, o nitrogênio poderia cair como se fosse neve. Outra pergunta feita pelos cientistas é por que muda tanto o brilho de Plutão, muito mais do que qualquer outro planeta. Um olhar mais próximo pode revelar características planetárias nunca vistas. E, por último, espera-se obter mais informações sobre Caronte, a maior lua de Plutão e de seus outros quatro satélites: Estigia, Nix, Cerberos e Hidra.

3. O que a sonda está fazendo exatamente?
A sonda não vai pousar em Plutão, vai apenas sobrevoá-lo a uma velocidade de 50 mil quilômetros por hora – a maior velocidade já alcançada por uma sonda espacial.

Ela terá apenas algumas horas para tirar fotos e fazer medições. Como há uma demora de cerca de quatro horas e meia até que o sinal chegue a Plutão, as instruções da sonda estão pré-programadas. Uma vez que esteja no endereço correto, terá início uma sequência automática para se tomar medidas.

A sonda enviará à Terra imagens de Plutão em alta definição, mas essa informação vai demorar a chegar até nós. Se tudo sair como está previsto, as primeiras imagens chegarão na madrugada de quarta-feira. No total, levará 16 meses até que toda a informação arrecadada durante a missão chegue à Terra. Depois de passar por Plutão, a sonda continuará sua viagem até um objeto menor do cinturão de Kuiper. O tempo estimado para chegar nessa área é de quatro anos.

4. O que a sonda leva a bordo?
A sonda conta com sete instrumentos que não apenas servem para investigar detalhes do planeta – como do que é feita a atmosfera -, mas também servem de backup caso haja falhas.

Além do mais, a sonda leva uma grande quantidade de "coisas inúteis", segundo Jim Green, diretor de Ciências Planetária da Nasa.

Parte das cinzas de Clyde Tombaugh, que descobriu Plutão,
em 1930, está a bordo da sonda

Na lista, há coisas como um CD com o nome de 434 mil pessoas que responderam a um pedido de "Envie seu nome para Plutão", além de algumas moedas e um selo americano de 1991 onde se lê "Plutão: ainda inexplorado". O mais curioso, no entanto, talvez seja uma urna com cinzas de Clyde Tombaugh, o homem que descobriu a existência de Plutão, há 85 anos.

5. Qual a possibilidade de a missão fracassar?
Se se deparar com as nuvens de partículas geradas por impactos com as luas de Plutão, isso pode danificar a nave. Por essa razão, a sonda enviará dados à medida que se aproxima do planeta.

Assim, os cientistas terão o que analisar se a sonda for afetada de alguma maneira. Mas a verdade é que isso é muito pouco provável, segundo a equipe responsável pela missão. Em todo caso, a sonda foi criada para ter um nível elevado de autonomia. Em caso de problemas, ela tem a capacidade de se recuperar e seguir adiante com a missão.

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Imagens revelam montanhas de gelo em Plutão
Paul Rincon / Editor de Ciência da BBC News
15 julho 2015

Cientistas dizem ter feito descoberta geológica
a partir de imagens de Plutão enviadas por sonda

Plutão tem montanhas feitas de gelo que são tão altas como as Montanhas Rochosas nos Estados Unidos, segundo revelam imagens da sonda New Horizons, da Nasa, divulgadas nesta quarta-feira. As fotos também mostram sinais de atividade geológica em Plutão e sua lua Caronte.

Cientistas apresentaram as primeiras imagens capturadas pela sonda New Horizons durante sobrevoo histórico sobre o planeta anão. A espaçonave sobrevoou o planeta anão na terça-feira, a 12.500 quilômetros da superfície, recolhendo grande quantidade de dados.

O cientista John Spencer disse a jornalistas que uma imagem da superfície de Plutão mostra que a área foi transformada por um processo geológico – como o vulcanismo – nos últimos 100 milhões de anos. Não encontramos nenhuma imagem de cratera de impacto. Isso significa que deve ser uma superfície muito jovem", disse.

Essa geologia ativa precisa de uma fonte de calor. Isso só havia sido visto antes em luas geladas, onde pode ser explicado pelo "aquecimento de marés" causada por interações gravitacionais com o planeta principal. "Você não precisa de aquecimento de marés para dar força a aquecimentos geológicos em corpos de gelo. Essa é uma descoberta importante que fizemos nesta manhã", disse Spencer.

Outra cientista, Cathy Olkin, afirmou: "Isso excede o que procurávamos". A mesma imagem mostra montanhas no limite da região que chegam a 3.300 metros de altura – e que foram compradas pelos cientistas às Montanhas Rochosas nos Estados Unidos. John Spencer disse que o metano e o nitrogênio gelados que revestem a superfície de Plutão não eram fortes o suficiente para formar montanhas, então elas seriam provavelmente formadas pela base de rochas, água e gelo de Plutão. "Água congelada nas temperaturas de Plutão é forte o suficiente para sustentar grandes montanhas", disse.

Sonda espacial mandou à Terra apenas uma
pequena parte de dados coletados sobre Plutão

O time de pesquisadores também batizou uma região proeminente, em formato de coração, com o nome Tombaugh Regio, em homenagem ao astrônomo Clyde Tombaugh, que descobriu Plutão em 1930.

As novas imagens aproximadas da lua Caronte revelaram um abismo de até 9,6 quilômetros e também indícios de renovação da superfície. "Originalmente eu pensei que Caronte teria um terreno antigo coberto de crateras", disse Olkin. "Indo de nordeste para sudoeste há uma série de valas e penhascos. Eles se estendem por 960 quilômetros pela lua", disse.

Uma região escura no polo da lua tem aparência vermelha e foi chamada informalmente de Mordor, em referência aos livros da série Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien.

A primeira foto de boa resolução de Hydra, a pequena lua de Plutão, revela um corpo alongado com uma superfície predominantemente feita de água congelada. Os cientistas estima que ela tenha 43 quilômetros por 33. A foto contém poucos pixels porque a lua é muito pequena e distante. A New Horizons tirou a foto a 650 mil quilômetros.

Todas essas imagens foram captadas em uma resolução muito mais alta do que qualquer outra obtida até então. A equipe da missão da New Horizons disse que apenas uma pequena parte do total de dados obtidos foi enviada de volta à Terra.

Parte da razão disso é que a sonda continua a fazer observações do lado escuro de Plutão.
O objetivo da missão é continuar a olhar para Plutão durante outras duas rotações completas – que correspondem a 12 dias na Terra.

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Cientista que 'matou' Plutão diz não se arrepender
Pallab Ghosh / Repórter de ciência da BBC News
16 julho 2015


O professor Mike Brown diz não se incomodar em ser chamado de "assassino de Plutão" se isso contribui para a compreensão do Sistema Solar

As imagens e descobertas da sonda da Nasa New Horizons vêm reforçando os apelos para que Plutão volte a integrar o clube de planetas – do qual foi expulso sem cerimônias em 2006.

No entanto, o professor Mike Brown, da universidade Caltech (Califórnia), conhecido como "o homem que matou Plutão", disse à BBC que os que pedem que o planeta volte ao clube parem de viver no passado.

"As pessoas que a gente mais ouve pedindo a reinstalação do planeta são aquelas envolvidas na missão (New Horizons). Entendo que seja emocionalmente difícil para eles", disse. "Eles querem que Plutão seja um planeta porque querem voar para lá. Mas seria bem melhor se aceitassem a realidade de que ele não é um planeta e ficassem empolgados com o fato de que estão indo para um novo tipo de objeto no Sistema Solar."

Golpe de misericórdia
Os pedidos para que Plutão fosse rebaixado começaram após outro objeto no Cinturão de Kuiper ter sido descoberto em 1992. Alguns argumentavam que Plutão era simplesmente o primeiro corpo celeste encontrado nesta pouco explorada área do Sistema Solar.

Imagens de Plutão enviadas pela New Horizons estão revelando detalhes sobre a topografia do planeta anão

No entanto, o golpe de misericórdia foi dado pelo professor Brown, com sua descoberta do planeta anão Eris, em janeiro de 2005. Era como Plutão, mas como uma massa maior. Essa foi uma das descobertas que fez com que a União Astronômica Internacional (UAI) criasse uma comissão para reavaliar a definição de planetas.

Assim, em 2006, a UAI teve que decidir se admitia Eris, e outros pequenos mundos como Ceres, ou se expulsava Plutão. Era preciso escolher um ou outro – manter o status quo não era possível. Brown argumenta que a se a UAI tivesse decidido manter Plutão como um planeta e admitisse Eris, a organização eventualmente teria de considerar a candidatura de centenas, talvez milhares, de outros aspirantes a planetas.

"Não há outra maneira de categorizar os Sistema Solar além de descrevê-lo como tendo oito objetos dominantes, que são os planetas que conhecemos. Não há nenhuma vantagem em se manter Plutão e em classificá-lo como um dos planetas maiores, porque ele simplesmente não é."

Então como o professor Brown reagiu quando soube que Plutão havia sido rebaixado? 
Foi um momento de alegria ou ele foi tomado pela culpa?
Ele compara o episódio a um assassinato a sangue frio, um ato de misericórdia que era necessário para o bem da ciência. "Para mim, estava claro já fazia alguns anos que Plutão estava classificado de maneira errada. Então, fiquei bem feliz com a ideia (da demoção de Plutão) de que agora poderíamos voltar e corrigir esses erros", disse.

Sem arrependimentos
Mas o rebaixamento de Plutão continua polêmico. Muitos cientistas afirmam que ele deve permanecer como planeta, argumentando que ele parece um planeta, se comporta como tal e vem sendo considerado um há três quartos de século.

Isso, no entanto, não muda a opinião do professor Brown. "Não, nenhum arrependimento. Mas fico triste com os acontecimentos desta década desde a demoção de Plutão. Gostaria que as pessoas tivessem aceitado o novo status de Plutão como uma parte interessante do Cinturão de Kuiper, em vez de ficar discutindo se é um planeta ou não", disse.

Se há alguns anos Mike Brown reagia com certa ironia ao ser cumprimentado como "o homem que matou Plutão", hoje em dia ele parece gostar do apelido. Chegou até a usá-lo seu site e em seu livro "How I killed Pluto and why it had it coming" (Como eu matei Plutão e por que ele mereceu, em tradução livre).

Ele me disse que o título era pra ser uma brincadeira inteligente, mas que ninguém entendeu na época. "Eu pensei que achariam engraçado falar em matar Plutão, porque ele era o deus do mundo inferior (dos mortos, na mitologia grega), mas ninguém entendeu", isse Brown. "Era algo forte, para chamar atenção. E isso é importante em termos de educação. 

Quero que as pessoas entendam o que o Sistema Solar é exatamente. E, se ficar me chamando de "assassino de Plutão" ajudar nisso, aceito o apelido de bom grado."

Mensagens raivosas
O professor conta que ainda recebe mensagens raivosas no Twitter sobre Plutão – na grande maioria, de pessoas que aprenderam na escola que ele era um planeta.


Para o cientista, seria mais interessante estudar um novo tipo de objeto do que um planeta excêntrico nos confins do Sistema Solar

Mas ele conta que as crianças que cresceram sabendo que Plutão não é um planeta aceitam a ideia sem problemas. Por isso, ele acredita que a polêmica vai morrer. "Acreditava-se que o Sol e a Lua eram planetas também, mas isso foi superado há muito tempo. Acho bem mais interessante termos um novo tipo de objeto para estudar do que um planeta excêntrico no fim do Sistema Solar."

"Espero que depois da New Horizons essa discussão chegue ao fim e que a gente possa começar a falar sobre Plutão e sobre o que aprendemos sobre o restante do Cinturão de Kuiper."

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Por que a passagem da sonda por Plutão deixou cientistas de queixo caído
Laura Plitt / Da BBC Mundo
16 julho 2015

Novas imagens em alta resolução permitem
ver claramente a topografía acidentada de Plutão

"Eu pensava que esta missão poderia terminar como uma das mais chatas do mundo, e que Plutão acabaria sendo como nossa Lua ou Mercúrio, um planeta cheio de crateras em que nada acontece", afirmou à BBC Nigel Henbest, astrônomo britânico da Universidade de Leicester e conhecido divulgador científico.

"Ficamos todos de queixo caído com o que vimos, toda a atividade nesses mundos (Plutão e suas luas), mas ainda não temos ideia do que está realmente ocorrendo ali."

A região em forma de coração é chamada de Região
de Tombaugh, em homenagem ao descobridor do planeta anão

Henbest fala com paixão sobre a paisagem de montanhas geladas, sem crateras e com evidências de processos geológicos encontrada no planeta anão nos confins do Sistema Solar.

Sua surpresa é compartilhada pelo restante da comunidade científica que, graças à sonda New Horizons da Nasa (agência espacial americana) que sobrevoou Plutão em 14 de julho, pode, pela primeira vez, conferir imagens em alta resolução do planeta.

A geografia dinâmica e variada revelada pelas imagens muda a perspectiva que tínhamos sobre esse corpo celeste desde seu descobrimento, há 85 anos. E essas informações também podem trazer respostas sobre como se formam os planetas e, inclusive, sobre as origens de alguns elementos fundamentais da vida. Um dos traços que mais surpreendeu os pesquisadores é a topografia acidentada de Plutão.

A topografia de Caronte, maior lua de Plutão, surpreendeu os pesquisadores

As imagens mostram montanhas nos extremos da região que tem forma de coração – batizada informalmente como Região de Tombaugh, em homenagem ao descobridor de Plutão, Clyde Tombaugh – com cerca de 3.300 metros, altitude superior à dos Alpes na Europa ou à das Montanhas Rochosas no oeste dos Estados Unidos.

"E pode ser que existam montanhas mais altas em outra parte", explica John Spencer, um dos pesquisadores da missão. Segundo Spencer, a capa relativamente fina de metano, monóxido de carbono e nitrogênio congelado que cobre a superfície do planeta anão é forte o suficiente para formar montanhas.

Por isso os cientistas acreditam que elas se formaram com a água congelada do subsolo, já que o gelo se comporta como rocha sob as temperaturas gélidas de Plutão. Curiosamente, as observações feitas do planeta desde a Terra não haviam detectado sinais de água gelada.

Essa teoria poderá ser corroborada pelas medições feitas por sete equipamentos a bordo da New Horizons, cujos resultados irão chegar ao centro de controle de Maryland (EUA) nos próximos 16 meses. "Podemos estar certos de que existe água em abundância", avalia de antemão Alan Stern, chefe da missão.

Ausência de crateras
Nada de crateras. Essa foi a segunda grande surpresa que a missão trouxe aos cientistas.


A sonda New Horizons demorou 9 anos e meio para 
chegar a Plutão, passando por todo o Sistema Solar

As crateras permitem aos astrônomos determinar a idade de uma superfície: se é muito antiga terá marcas deixadas por impactos de colisões e se for mais nova será mais lisa, já que a formação recente apaga as impressões anteriores. As novas imagens, apontou Stern, mostram um terreno que parece ter passado por processos vulcânicos ocorridos nos últimos 100 milhões de anos.

Isso implicaria numa idade extremamente jovem para a superfície, se considerarmos que o Sistema Solar tem 4,5 bilhões de anos. Tal atividade geológica demanda alguma fonte de calor. Isso foi visto antes apenas em luas congeladas, onde tais processos se explicam pelas "marés de calor" causadas por interações gravitacionais com o planeta mais próximo.

"Marés de calor não são imprescindíveis para gerar calor geológico em corpos congelados. Essa foi uma descoberta importante que fizemos nesta semana", afirmou Spencer.

Mais gelo e menos rocha
Plutão se localiza no Cinturão de Kuiper, uma zona periférica do Sistema Solar onde o Sol deixa de influenciar os corpos celestes que o rodeiam. O tamanho de Plutão também não era o que se pensava: demonstrou ter alguns quilômetros a mais de diâmetro, agora definido em 2.370 km, o que equivale a aproximadamente dois terços do tamanho de nossa Lua.

Isso quer dizer que Plutão tem mais gelo e menos rochas abaixo de sua superfície do que se pensava. A falta de precisão na medição de Plutão desde a Terra ocorre porque, em primeiro lugar, o corpo celeste está muito longe daqui (4,8 bilhões de km). E também porque sua atmosfera cria reflexos capazes de confundir o telescópio terrestre mais avançado.

E existe neve no planeta gelado? Os sensores da New Horizons detectaram que a fina atmosfera de nitrogênio se estende até o espaço, e pesquisadores acreditam que ela possa gerar flocos que atinjam a superfície antes de evaporar na atmosfera.

Caronte
As surpresas não acabam em Plutão. Caronte, sua maior lua, também deixou cientistas perplexos.

A lua Caronte tem cânions tão grandes como
o Grand Canyon no oeste dos EUA

As imagens mostram penhascos tão profundos como o do Grand Canyon, no oeste dos Estados Unidos. "Pensava que Caronte poderia ter um terreno antigo coberto de crateras… mas ficamos boquiabertos quando vimos a nova imagem", explicou Cathy Olkin, cientista da missão, citando uma cadeia de desfiladeiros de 800 km.

Até agora os pesquisadores contam apenas com uma parte ínfima dos dados que a sonda já recolheu. Certamente, ao longo desses 16 meses em que toda a informação será enviada, continuaremos a ser presenteados com surpresas e imagens maravilhosas.

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Novas fotos de Plutão mostram 'mar' de névoa em horizonte e revelam 'tesouros'
Paul Rincon / Editor de Ciência da BBC News
18 setembro 2015

Luz solar do fundo destaca camadas
da atmosfera de Plutão e terreno diverso

Novas imagens capturadas pela da sonda New Horizons, da Nasa, mostram uma névoa de baixa altitude em Plutão, evidência adicional da existência, no planeta-anão, de um fenômeno semelhante ao ciclo de água na Terra, mas envolvendo tipos exóticos de gelo, segundo cientistas.

As dezenas de camadas de névoa na atmosfera vão desde a superfície a uma altura de até 100 km. As imagens também oferecem vistas deslumbrantes do terreno do planeta, incluindo suas montanhas e planícies.

"Esta imagem é um tesouro científico, revela novos detalhes sobre a atmosfera de Plutão, montanhas, geleiras e planícies", disse Alan Stern, cientista-chefe da missão. "Ela (a imagem) realmente te faz sentir que você está lá, em Plutão, analisando a topografia por você mesmo".

Cientistas disseram que imagens mostram que
Plutão tem características semelhantes a da Terra

As fotos foram feitas quando a New Horizons passou por Plutão em 14 de julho, a 12,5 mil km de distância. A sonda iniciou, no início deste mês, a transmissão de dados coletados no período de um ano, permitindo que cientistas retomem a análise da topografia e atmosfera do planeta.

A imagem também mostra algo como um baixo nevoeiro iluminado pelo sol contra o lado escuro de Plutão. "Além de ser visualmente impressionante, este baixo nevoeiro sugere a mudança do tempo de um dia para o outro em Plutão, tal como acontece aqui na Terra", disse Will Grundy, cientista da missão, do Observatório Lowell, do Arizona.

Junto com outras observações, a imagem aponta para um ciclo hidrológico parecido com o da Terra envolvendo nitrogênio congelado e gelo macio. "Impulsionada pela fraca luz solar, isso seria diretamente comparável com o ciclo hidrológico que alimenta as calotas de gelo na Terra, onde a água é evaporada dos oceanos, cai como neve, e retorna para os mares através de fluxo glacial", disse Alan Howard, membro da equipe, da Universidade da Virgínia, em Charlottesville.

Segundo Stern, "Plutão é surpreendentemente parecido como a Terra nesta questão, e ninguém esperava isso". Fotos do planeta-anão divulgadas na semana passada pela Nasa revelaram um campo com cristas alinhadas, semelhante a dunas.

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Nasa encontra água congelada e céu azul em Plutão
8 outubro 2015

'Quem poderia esperar que haveria um céu azul no Cinturão de Kuiper? Isso é maravilhoso', disse pesquisador da Nasa, Alan Stern.

Depois de ter anunciado evidências de água líquida encontradas em Marte, a Nasa (agência espacial americana) revelou nesta quinta-feira a presença de céu azul e água congelada em Plutão. A sonda New Horizons registrou a primeira imagem colorida de neblina envolvendo o planeta com uma coloração azul. Essa é a consequência da forma como a luz solar é dispersa pelas partículas de neblina, segundo os cientistas.

Além disso, a sonda detectou pequenas regiões de água congelada em Plutão, o que ainda está sendo estudado. "Grandes extensões de Plutão não mostram água congelada exposta diretamente na superfície", disse Jason Cook, especialista da Nasa.

"Porque aparentemente ela está mascarada por outros tipos de gelo mais voláteis pelo planeta. Entender por que a água aparece dessa forma e por que ela não aparece em outros lugares é um desafio."

'Céu azul'
Assim como a Terra, Plutão tem uma atmosfera predominantemente de nitrogênio. Mas é a interação do nitrogênio com os raios ultravioletas do sol, na presença de metano, que também está na atmosfera, que faz com que seja possível criar as partículas grossas que formam a neblina.

"Essa impressionante coloração azul nos fala muito sobre o tamanho e a composição dessas partículas", disse Carly Howett, integrante da missão New Horizons no Instituto de Pesquisa SwRI, no Colorado. "Um céu azul muitas vezes resulta da dispersão da luz solar em várias partículas minúsculas. Na Terra, essas partículas são moléculas de nitrogênio muito pequenas. Em Plutão, elas aparentemente são maiores – mas ainda relativamente pequenas. São partículas que chamamos 'tholins'".

O principal pesquisador da missão, Alan Stern, havia atiçado os fãs de Plutão nos últimos dias dizendo para eles esperarem algo "especial" nas imagens semanais que seriam divulgadas nesta quinta-feira. "Quem poderia esperar que haveria um céu azul no Cinturão de Kuiper? Isso é maravilhoso", disse ele, em um comunicado divulgado pela Nasa.

Mas se você estiver na superfície de Plutão e olhar para cima, o céu pareceria preto, na realidade, por causa da atmosfera rarefeita. "A neblina é bem fina, então você veria na maior parte a cor da névoa azul como amanheceres e entardeceres", disse Howett em entrevista à BBC.

Água congelada
Os pesquisadores da Nasa identificaram água congelada em várias regiões ao longo da superfície de Plutão. "Nós já esperávamos que haveria água congelada lá, mas estávamos procurando sinais por décadas e não havíamos encontrado nada até agora", tuítou Alex Parker, também do Instituto de Pesquisa SwRI.

Desde 14 de julho, a New Horizons já rondou mais de 100 milhões de km além de Plutão. E isso a coloca a 5 bilhões de km da Terra. Essa distância gigantesca faz com que demore mais para chegarem as informações da sonda. Demorará talvez mais um ano até que todas as informações estejam com a Nasa para serem estudadas.

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Foto inédita mostra minilua de Plutão
Jonathan Amos / Correspondente de Ciência da BBC News
23 outubro 2015

Kerberos tem um lóbulo duplo que pode ser
resultado da colisão de dois objetos

Uma imagem de uma das pequeninas luas de Plutão enviada pela sonda New Horizons, da Nasa, finalmente chegou à Terra.

A foto mostra que a luazinha Cérbero tem dois lóbulos, o que pode significar que dois corpos congelados colidiram e acabaram se unificando. Acredita-se que o maior lóbulo da Kerbero tenha 8 km de diâmetro. O menor tem cerca de 5 km. Styx, a outra pequena lua do sistema, tem um tamanho parecido.

Para efeito de comparação, a lua da Terra tem 3.476 km de diâmetro. Cientistas dizem que esses satélites são mais brilhosos do que o esperado. Corpos planetários normalmente escurecem com o tempo como resultado de mudanças químicas desencadeadas pela luz do Sul e pelo impacto de raios cósmicos.

Mas essas luas refletem cerca de 50% da luz que incide sobre elas, o que indica que sua cobertura de gelo é muito limpa.

Charon (embaixo) é o maior satélite de Plutão,
com 1.212 km de diâmetro

Cérbero orbita a cerca de 60 mil km de Plutão e é a que tem a segunda órbita mais externa entre as suas cinco luas. Ela fica entre Nix e Hydra, e fora das órbitas de Styx e Charon – lua dominante no sistema, que é muito maior que Kerberos.

A imagem recém-divulgada de Kerberos foi feita pela câmera Lorri, da New Horizons, a uma distância de 400.000km. A imagem agrega diversos registros e foi processada para recuperar o máximo possível de detalhes.

Planos
A New Horizons continua a enviar os dados recolhidos durante o sobrevoo feito em 14 de julho.

A sonda está se dirigindo para ainda mais longe – já está, agora, a 5 bilhões de km da Terra.
Esta semana, terão início as manobras para mudar sua trajetória. A Nasa pretende enviá-la para outro objeto do cinturão de Kuiper chamado 2014 MU69. Este encontro ocorreria em 2019. Mas, para isso, a Nasa precisa aprovar a proposta de extensão da missão – os cientistas devem fazer o pedido à agência ainda neste ano.

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Nasa identifica possíveis 'vulcões de gelo' em Plutão
Jonathan Amos / Correspondente de Ciência da BBC News
9 novembro 2015

Wright Mons, um dos dois possíveis "vulcões de gelo", foi localizado ao sul da planície de Sputnik

Dois possíveis "vulcões de gelo" foram identificados na superfície de Plutão. Eles foram localizados em imagens enviadas pela sonda New Horizons, que passou pelo planeta-anão em julho.

As montanhas têm alguns quilômetros de altura e dezenas de quilômetros de diâmetro. Enquanto os vulcões da Terra expelem rocha derretida, os de Plutão – se é isso mesmo que eles são – liberariam uma mistura gelada, parcialmente derretida, de substâncias como água, nitrogênio e metano.

O time responsável pela missão ainda precisa fazer mais análises para confirmar a descoberta.
Informações sobre a composição dos materiais que compõem o terreno local podem ajudar na tarefa.

Descoberta convincente
A New Horizons ainda não enviou todas as informações registradas durante o sobrevoo a Plutão. Até agora, apenas cerca de 20% de suas observações chegaram até a Terra.

Se o crio-vulcanismo for comprovado, será uma incrível descoberta. A ocorrência do fenômeno já havia sido sugerida em vários outros corpos do Sistema Solar exterior, mas sem nada convincente ser detectado.

Os dois candidatos a vulcões de Plutão foram encontrados a sul de Sputnik Planum, planície lisa no equador do planeta. Eles têm sido informalmente chamados de Wright Mons e Piccard Mons. Sua forma lembra, na Terra ou em Marte, a dos vulcões-escudo – extensos vulcões formados por repetidas erupções de fluídos de baixa viscosidade.

Comparação com Marte
Assim como suas supostas caldeiras, essas formações apresentam textura irregular em seus flancos, o que pode representar antigos “rios de lava gelada”. “É espantoso que, em toda a exploração que fizemos, as construções mais próximas disso na vizinhança estejam em Marte”, afirmou o professor Alan Stern, o investigador principal da missão New Horizons.

“Não vimos nada como isso em todos os mundos do Sistema Solar médio. É realmente incrível.”
Já se passaram 120 dias desde que a New Horizons fez seu histórico sobrevoo sobre o planeta-anão e suas luas. Desde então, a sonda já ultrapassou 140 milhões de km no Sistema Solar externo, a cerca de 5 bilhões de quilômetros da Terra.

Os responsáveis pela missão supervisionaram, na semana passada, o disparo do último dos quatro motores que colocaram a aeronave em seu curso em direção ao novo alvo, a ser alcançado em 2019.

O objetivo é chegar até um corpo gelado muito menor, chamado de 2014 MU69. A estimativa é que ele não tenha mais de 45 km de diâmetro, mas espera-se que a New Horizons se aproxime mais desse objeto do que ocorreu com Plutão – foram 12,5 mil km de distância.

No entanto, a equipe ainda não obteve, formalmente, os recursos da agência espacial norte-americana para operar a sonda até o 2014 MU69. O projeto científico para pleitear esse suporte financeiro deve ser submetido à Nasa no ano que vem.

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